Durante a gestação, nutrientes como metilfolato, ferro e cálcio auxiliam na saúde da mãe e da criança

A gravidez é um período que exige maior atenção à alimentação. Embora seja uma condição fisiológica, representa sobrecarga para o organismo materno, com aumento na demanda por macro e micronutrientes, conforme explica a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
Como a dieta nem sempre consegue suprir essas necessidades, a suplementação pode ser recomendada em diversas fases, da pré-concepção ao pós-parto, levando em conta a orientação médica. Entre os nutrientes mais importantes neste momento está o ácido fólico, também conhecido como folato ou vitamina B9.
Ele atua na formação do tubo neural do bebê e sua deficiência pode causar complicações como má-formação fetal, anemia megaloblástica, pré-eclâmpsia, parto prematuro e baixo peso ao nascer. Nos casos em que há dificuldade de metabolizar o ácido fólico, o uso do metilfolato pode ser mais eficiente.
Segundo a Federação, pesquisas revelam que o metilfolato apresenta biodisponibilidade superior e uma absorção aproximadamente dez vezes maior do que a do ácido fólico convencional. A recomendação sobre como consumir metilfolato ou ácido fólico é iniciar a suplementação cerca de três meses antes da gravidez ou logo após a confirmação da gestação.
Outro suplemento que pode ser indicado é o ferro, apontado como fundamental para compensar a anemia fisiológica da gravidez e auxiliar no desenvolvimento da placenta, do feto e no fortalecimento do sistema imunológico da gestante. A orientação é que a sua suplementação ocorra desde o início da gestação até três meses após o parto.
A ingestão adequada de cálcio também tem ganhado atenção na saúde pública. Recentemente, o Ministério da Saúde passou a recomendar a suplementação universal de cálcio na Atenção Primária à Saúde para gestantes, com o objetivo de reduzir o risco de pré-eclâmpsia, uma das principais causas de mortalidade materna no país.
A medida foi motivada por estudos que revelam uma redução de até 55% no risco da condição com a suplementação adequada. Mulheres com hipertensão crônica, doenças autoimunes ou em uso de corticoides também devem receber atenção especial quanto à reposição desse nutriente.
Com o avanço da gravidez, é comum que a gestante enfrente quadros de constipação intestinal. A Febrasgo explica que a ação hormonal pode tornar o intestino mais lento. Por isso, o consumo de fibras pode contribuir para o bem-estar da gestante, como é o caso do uso Psyllium para saúde intestinal.

Segundo orientações nutricionais da Prefeitura de Jundiaí, em São Paulo, o Psyllium pode ser incluído na alimentação em pequenas quantidades diárias, até duas colheres de sopa por dia. Além disso, é importante que ele seja combinado com hidratação adequada e acompanhamento profissional.
Vitamina D e zinco também estão entre as recomendações
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Outros nutrientes, como a vitamina D e o zinco, completam a lista dos suplementos que podem ser indicados durante a gestação, mas seu consumo deve ser avaliado individualmente.
A Febrasgo destaca que a vitamina D é essencial para a saúde dos ossos e músculos, além de contribuir para o fortalecimento do sistema imunológico da gestante. A substância ainda participa de processos celulares importantes, influenciando a absorção de cálcio e fosfato no organismo, e contribui para o desenvolvimento fetal nos primeiros meses de vida.
A principal fonte de vitamina D é a exposição solar. No entanto, a baixa exposição e o consumo reduzido de alimentos como peixes, cogumelos, gema de ovo e fígado bovino podem causar deficiência nutricional entre as gestantes. Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que, quando identificada a carência por meio de exames laboratoriais, seja feita a suplementação sob orientação médica

Já o zinco está associado ao crescimento do feto, ao funcionamento do sistema imunológico e à prevenção de complicações como parto prematuro, hemorragia pós-parto e pré-eclâmpsia. Encontrado em alimentos como carne bovina, laticínios, leguminosas e cereais integrais, esse mineral costuma ser suplementado em casos de deficiência comprovada.
A OMS alerta que a suplementação de zinco não deve ser feita de forma rotineira durante a gravidez. O excesso do nutriente pode trazer prejuízos à saúde da gestante e, por isso, sua prescrição deve ocorrer somente após avaliação profissional, considerando a ingestão alimentar e a capacidade de absorção do organismo.
Atenção redobrada para gestantes vegetarianas e veganas
As gestantes que seguem dietas vegetarianas ou veganas precisam de um cuidado especial com relação à ingestão de nutrientes. De acordo com a Febrasgo, embora dietas vegetarianas bem planejadas possam atender às necessidades da gravidez, há maior risco de deficiência de componentes como ferro, vitamina B12, vitamina D, cálcio, colina e ômega-3, presentes principalmente em alimentos de origem animal.

O consumo adequado de ômega-3 é considerado fundamental para o desenvolvimento do feto por atuar como um imunomodulador e anti-inflamatório, diminuindo o risco de prematuridade e depressão pós-parto. O aumento da demanda por esse nutriente durante a gestação varia entre 50 e 70 mg por dia, conforme indica a Federação.
A orientação geral para gestantes onívoras é a ingestão de três porções semanais de peixes ricos em ômega-3. No entanto, para vegetarianas e veganas, essa necessidade pode ser atendida por meio de suplementos manipulados, sempre com prescrição profissional.
A Febrasgo destaca que é preciso considerar, ainda, o risco de contaminação por metais pesados, como o mercúrio, e evitar a ingestão de peixe cru.
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