A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada por uma bactéria chamada M. leprae que afeta a pele e os nervos periféricos, em especial os dos braços e das pernas, mas é possível fazer o tratamento da Hanseníase pelo SUS.
A doença tem cura e se tratada precocemente e de forma adequada, não deixa sequelas. Entre os principais sintomas da hanseníase estão manchas na pele ou em área aparentemente normal, causando inclusive alteração de sensibilidade.
O tratamento da doença é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e o paciente – após diagnosticado, deve ser encaminhado para uma unidade de saúde pública para iniciar o tratamento da Hanseníase que tem duração de seis a 12 meses. Só depois de iniciar o tratamento, o paciente deixa de transmitir a hanseníase às outras pessoas do seu convívio.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o segundo país do mundo com maior número de casos de hanseníase. Em 2011, foram registrados cerca de 34 mil novos casos da doença, número inferior apenas aos 127 mil casos na Índia.
De acordo com o Ministério da Saúde, os casos de hanseníase diminuíram 26% entre 2001 e 2011. No entanto, a queda da doença no resto do mundo foi muito mais acentuada, já que, segundo a OMS, em um período de seis anos (entre 2004 e 2010) houve uma redução de 40% nos casos.
Para falar mais sobre este assunto, a equipe de Web Jornalismo do Canal Minas Saúde conversou com a médica dermatologista, hansenóloga e Coordenadora de Dermatologia Sanitária da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Ana Regina Coelho de Andrade. Abaixo, confira a entrevista:
Como se dá a transmissão e o tratamento da Hanseníase? É possível evitá-la?
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A transmissão da hanseníase se dá pela respiração. Ou seja, um paciente com muitos bacilos e sem tratamento da Hanseníase elimina esses bacilos ao respirar, eles ficam suspensos no ar do meio ambiente. A porta de entrada é também a via aérea superior. A pessoa inspira, o bacilo entre em contato com o organismo e dependendo da resistência de cada individuo ele pode ou não desenvolver a doença. A grande maioria da população tem resistência e não desenvolve a doença.
O tratamento da hanseníase é ambulatorial, gratuito e feito nas unidades de saúde. Dura de seis a 12 meses dependendo da forma clínica e classificação de cada caso. Não existe vacina específica para hanseníase. O Ministério da Saúde recomenda, no entanto, a aplicação de vacina BCG nos contatos por oferecer proteção de grupo para tuberculose e hanseníase, pois ambas são causadas por microbactérias.
Então, o modo de evitar é tratando todos os casos de hanseníase diagnosticados e examinar todos os contatos que moram com o paciente para ver se tem algum doente e orientar sobre os sinais e sintomas da hanseníase, para que eles se observem e fiquem atentos ao surgimento de algum sinal ou sintoma.
Sintomas da hanseníase
Os sinais e sintomas mais frequentes da hanseníase são:
- Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas, em qualquer parte do corpo, com perda ou alteração de sensibilidade térmica (ao calor e frio), tátil (ao tato) e à dor, que podem estar principalmente nas extremidades das mãos e dos pés, na face, nas orelhas, no tronco, nas nádegas e nas pernas.
- Áreas com diminuição dos pelos, diminuição de cabelos e do suor.
- Dor e sensação de choque, formigamento, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas.
- Inchaço de mãos e pés.
- Diminuição sensibilidade e/ou da força muscular da face, mãos e pés, devido à inflamação de nervos, que nesses casos podem estar engrossados e doloridos.
- Úlceras de pernas e pés.
- Caroços (nódulos) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos.
- Febre, edemas e dor nas juntas.
- Entupimento, sangramento, ferida e ressecamento do nariz.
- Ressecamento nos olhos.
O que a pessoa diagnosticada deve fazer ao iniciar o tratamento da Hanseníase para inibir a contaminação com familiares e pessoas mais próximas?
O paciente, ao tomar a primeira dose do medicamento, não contamina mais os familiares e as pessoas mais próximas. O tratamento da Hanseníase correto e em tempo adequado é a melhor forma de não transmitir a doença. É importante lembrar que a grande maioria dos portadores de hanseníase tem poucos bacilos e não transmitem a doença.
A fonte de contágio são os pacientes classificados como multibacilares, com muitos bacilos, e sem tratamento da Hanseníase. Pacientes tratados e com sequelas de hanseníase não transmitem a doença.
Quais as consequências que o paciente que não segue o tratamento da Hanseníase à risca corre? Ele pode contaminar outras as pessoas?
Com certeza. O paciente que não se trata adequadamente não se cura e permite o avanço da doença e pode desenvolver incapacidades, deformidades e continua a contaminar as pessoas com quem convive.
Na sua avaliação, o modelo de tratamento dos leprosários no século passado contribuiu para que os pacientes com hanseníase sofram preconceito? A falta de esclarecimento sobre a doença ainda é um problema?
Os antigos sanatórios eram a opção existente na época em que foram instituídos. O grande preconceito da hanseníase se deve às deformidades e sequelas da doença: o ser diferente da maioria e não ter a mesma imagem de outro é o que nos apavora e causa temor. As instituições antigas apenas reforçam essa ideia de que o diferente deve ser isolado e contido para tratamento da Hanseníase.
A falta de esclarecimento sobre a possibilidade de tratamento da Hanseníase e cura ainda é um problema, pois a visibilidade do problema hanseníase para a população geral é pequena. Quanto mais difundirmos os sinais e sintomas da hanseníase, o seu tratamento e cura maior será o esclarecimento da população e menor o preconceito para com a doença.
Porque mesmo com campanhas e tratamento gratuito oferecido pelo SUS, a hanseníase ainda ocorre? Podemos falar que existe uma pré-disposição ou fator de risco?
Não temos dados científicos para falar com certeza em predisposição à determinada doença. O grande fator de risco é a convivência com o doente não tratado com o tratamento da Hanseníase.
Se o número de doentes é grande em uma determinada população esse risco é maior do ponto de vista epidemiológico, pois uma grande quantidade de bacilos fica no meio ambiente e não haveria necessidade de convivência direta com um doente, ou seja, pode-se adquirir a doença se houver doentes não tratados na minha vizinhança.
A “Semana Nacional de Eliminação da Hanseníase e Controle das Verminoses” (de 18 a 22 de março), do Ministério da Saúde está trazendo para a comunidade escolar informações sobre a Hanseníase. Na sua opinião, qual é a importância desta campanha?
A campanha voltada para a população de escolas públicas de 5 a 14 anos teve como objetivo difundir sinais e sintomas de hanseníase para essa faixa etária, provocar discussão nas escolas sobre o tema e identificar os casos suspeitos de hanseníase. Com relação às geohelmintíases ou verminoses o objetivo é tratar essa faixa etária reduzindo a carga parasitária.
A grande mobilização do conhecimento sobre a hanseníase foi um dos fatores de maior importância dessa campanha. Ensinando às crianças ensinaremos aos adultos do futuro e os de hoje também, pois eles compartilham conhecimento nos ambientes que convivem. Esse, com certeza, é um dos maiores ganhos que teremos.
Você conhece alguém que esta em tratamento da Hanseníase? Deixe nos comentários, se houver alguma dúvida.
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