O que é vaginite? Entenda quais as principais causas dessa inflamação, como identificar os sintomas, quais os tipos, e qual o tratamento mais indicado pelos médicos para as pacientes.
A higiene íntima, cuidados e prevenção ao realizar o hábito sexual, bem como, lavar as peças íntimas de forma adequada, usar roupas leves e não muito apertadas, são essenciais para a saúde da vagina. No entanto, ainda assim podem acontecer algumas inflamações vez ou outra, como é o caso da vaginite.
Neste artigo, reunimos as principais informações sobre esse tipo de informação. Confiram quais são elas a seguir:
O que é vaginite?
Conteúdo
A vaginite é a inflamação da mucosa vaginal que às vezes se estende até a vulva, a parte externa da vagina (vulvovaginite). Essa inflamação inclui algumas das doenças ginecológicas mais comuns, especialmente em mulheres que estão na fase de idade fértil.
São condições que podem ser causadas e sustentadas por patógenos específicos (como bactérias, fungos ou parasitas), que acontece quando a alteração do pH da mucosa provoca um desequilíbrio da flora vaginal, favorecendo o crescimento descontrolado de microrganismos patogênicos.
Sendo, às vezes, infecciosas (a maioria dos casos de natureza bacteriana, fúngica e parasitária), ou inflamatórias não infecciosas ou inespecíficas. Além disso, são muito mais comuns na idade adulta, embora também possam ser diagnosticados na população pediátrica.
As formas mais comuns são as bacterianas, normalmente ligadas a infecções por Candida e Trichomonas. O tratamento é prescrito especificamente com base na causa subjacente da inflamação.
A vaginite pode ser classificada da seguinte forma:
- Não infeccioso;
- Infeccioso;
- Bacteriana (a mais comum);
- Fúngico (ou seja, causado por fungos);
- Parasitária.
Tipos de vaginite e suas causas
Confiram a seguir quais os tipos mais comuns:
Vaginite por Candida (candidíase): é a segunda causa mais frequente de vaginite. A Candida (geralmente Candida Albicans) é um fungo que vive normalmente no organismo e que, quando as defesas imunológicas são reduzidas, pode crescer descontroladamente na mucosa vaginal. É raro em mulheres na pós-menopausa, enquanto é encontrado em 20-40% das mulheres grávidas e 15-20% das mulheres jovens e adultas. As causas do crescimento descontrolado incluem:
- Antibioticoterapia (muito comum é, por exemplo, candidíase vaginal após a ingestão de amoxicilina-ácido clavulânico);
- Terapia com cortisona;
- Relação sexual desprotegida,
- Gravidez;
- Diabetes;
- HIV ou imunodepressão;
- Uso de roupas apertadas e não respiráveis;
- Anticoncepcionais orais e intra uterinos.
Vaginite por Trichomonas: Trichomonas é um parasita comumente transmitido sexualmente e é encontrado em 80% dos parceiros sexuais da pessoa infectada. É a terceira causa de vaginite e é encontrada em 15-20% dos casos. Os fatores de risco são:
- Relações sexuais desprotegidas com múltiplos parceiros;
- Anticoncepcionais intra uterinos;
- Estado imunológico prejudicado;
Corpos estranhos ou produtos usados para higiene pessoal: Raramente, os tampões podem causar vaginite inflamatória não infecciosa. Produtos como sprays vaginais, duchas vaginais, produtos de limpeza, amaciantes e sabonetes também podem sensibilizar a mucosa e a vulva.
Vaginite na menopausa: Na menopausa há diminuição da produção de estrogênio e perda da função nutricional que exercem sobre a mucosa vaginal; isso predispõe à vaginite inflamatória (particularmente a vaginite atrófica).
Em mulheres mais velhas há também um problema de higiene em alguns casos, especialmente no caso de incontinência urinária e fecal, bem como no caso de pacientes acamados ou com cateteres vesicais, onde a irritação da urina e das fezes pode produzir inflamação crônica ou uma infecção não específica.
Vaginite na fase infanto-juvenil: Geralmente, a vaginite na fase infantil está associada aos maus hábitos de higiene, por exemplo, realizar a limpeza com o papel na direção do ânus para a vagina, sendo que o correto é realizar começando da vagina em direção ao ânus.
Além disso, os produtos de limpeza utilizados para lavar as peças íntimas (sabão em pó e amaciante), o uso de sabonete íntimo, calcinhas usadas por dois ou mais dias sem lavar. Ou seja, mais relacionado à higiene inadequada.
Causas mais comuns
Independentemente da idade, no entanto, os fatores de risco mais comuns incluem:
- Condições de higiene;
- Doenças de pele;
- Presença de fístulas entre o intestino e o trato genital (fístulas são verdadeiros canalículos que se formam em circunstâncias diferentes e que conectam dois órgãos ou sistemas vizinhos, causando a passagem de material de um tecido para outro; no caso de vaginite teremos a colonização da vagina por bactérias intestinais);
- Queda nas defesas imunológicas;
- Uso de antibióticos (capazes de destruir a flora bacteriana vaginal normalmente presente);
- Radioterapia;
- Quimioterapia;
- Tumores;
- HIV e doenças sexualmente transmissíveis;
- Cortisona;
- Duchas vaginais;
- Sexo sem proteção;
- Terapias imunossupressoras pós-transplante;
- Gravidez;
- Uso de materiais e substâncias que podem irritar a mucosa e causar vulvite não infecciosa.
Produtos de higiene que causam vaginite
É preciso evitar o uso dos seguintes itens de higiene, a fim de diminuir os riscos:
- Sabonetes íntimos e para o corpo com pH agressivo;
- Absorventes higiênicos de má qualidade que atrapalham a transpiração e ventilação da vagina;
- Detergentes e amaciantes em roupas íntimas;
- Lingerie de fibras sintéticas;
- Papel higiênico perfumado.
Sintomas de vaginite
Os sintomas da vaginite dependem da causa da inflamação ou infecção, mas os mais importantes é a presença de corrimento vaginal (leucorréia) suspeito; essas perdas são diferentes das secreções normais que servem para manter a mucosa saudável, em condições fisiológicas as secreções são brancas, inodoras e não irritantes, enquanto as perdas por inflamação têm características diferentes e podem ser acompanhadas de outros sintomas como:
- Coceira;
- Eritema (mancha avermelhada devido a irritação localizada);
- Ardência ao urinar;
- Sangramento leve;
- Dificuldade e dor durante a relação sexual, principalmente quando a inflamação é extensa ou quando a mucosa vaginal é atrófica (afinada) em casos de deficiência hormonal;
- Corrimento aumentado com cores diferentes do normal e odores.
Como avaliar a vaginite através do corrimento?
Através do aspecto do corrimento é possível identificar qual o tipo de vaginite, no entanto, não é indicado se automedicar com base nessas informações, mesmo que observe alterações deve sempre procurar atendimento médico.
Vaginose bacteriana: corrimento acinzentado, fino e com cheiro de peixe (muitas vezes após a relação sexual) e frequentemente associado à coceira e irritação. Não há dor durante a relação sexual.
Vaginite por Candida: corrimento espesso e esbranquiçado semelhante ao queijo cottage, prurido (coceira) vaginal intenso e às vezes vulvar. Queimação, eritema (vermelhidão) e dor na relação sexual podem estar presentes.
Vaginite por Trichomonas: corrimento amarelo-esverdeado significativo, odor fétido, coceira, eritema, ardor e dificuldade durante a micção e a relação sexual.
Vaginite inflamatória: corrimento purulento, secura vaginal, afinamento da mucosa, dor na relação sexual e diurese (dor ao urinar).
Complicações da vaginite
O prognóstico da vaginite geralmente não é complicado, fácil de diagnosticar e o tratamento é eficaz. No entanto, em alguns casos, infecções recorrentes podem causar:
- Irritação crônica;
- Contusões;
- Cicatrizes.
- Problemas durante a relação sexual, como dor (dispareunia);
- Estresse emocional e psicossocial.
É importante tratar a vaginose bacteriana e a vaginite por Trichomonas, pois são consideradas fatores de risco para:
- Transmissão de doenças sexuais, incluindo HIV;
- Doença inflamatória pélvica, uma infecção crônica perigosa associada ao risco de infertilidade permanente;
- Endometrite.
Na gravidez, a presença de vaginite predispõe a:
- Ruptura prematura de membranas;
- Parto prematuro;
- Baixo peso de nascimento do feto;
- Endometrite pós-parto.
Diagnóstico da vaginite
O diagnóstico de vaginite e a causa subjacente é baseado em:
Anamnese
Informações sobre história clínica, em particular com referência a:
- Atividade sexual;
- Métodos contraceptivos;
- Infecções sexualmente transmissíveis;
- Histórico médico pessoal;
- Aspecto do corrimento;
- Exames como o Papanicolau.
Reconhecimento dos sintomas
- Quando eles apareceram;
- Se for a primeira vez ou recorrente;
- Se estiverem associados à dor ou sangramento;
- Exame físico (exame ginecológico);
Análise laboratorial
Análise macroscópica de secreções vaginais em relação a:
- Quantidade;
- Duração;
- Cor;
- Consistência;
- Cheiro;
- Análise microscópica de secreções vaginais;
- Exame de cultura: se a pesquisa por microscopia der resultados inconclusivos, a secreção pode ser cultivada para avaliar o crescimento de quaisquer cepas de fungos ou Trichomonas.
Tratamento Vaginite
O tratamento da vaginite baseia-se na manutenção de uma boa higiene íntima, além de, obviamente, identificar e eliminar a causa da inflamação e quaisquer complicações.
Medidas de higiene: é bom manter a vulva o mais limpa possível, evitar sabonetes irritantes, produtos não essenciais para a mesma e quaisquer fatores que possam estar ligados à irritação (ver seção Causas).
Bolsas frias alternadas com banhos quentes: com ou sem bicarbonato de sódio, podem reduzir a irritação e a coceira.
Medicamentos sintomáticos: para coceira e irritação, como creme de cortisona ou anti-histamínicos orais.
Antibióticos e antifúngicos: em casos de infecção, o tratamento também deve ser feito pelo parceiro sexual devido ao risco de contágio e infecção.
Cremes com estrogênio: em caso de secura vaginal devido a alterações hormonais ou menopausa.
De forma resumida, o tratamento pode ser realizado com medicações orais e pomadas vaginais de acordo com o tipo de vaginite, por isso, a recomendação da medicação deve ser prescrita pelo médico. Não se automedique.
Se ainda tem alguma dúvida, veja esse vídeo da Dra Laura Lúcia:
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